A minha curiosidade e a de tantos outros alunos que tive no decorrer desses 20 anos, me levou a pesquisar a origem de muitas expressões ou ditos populares usados por todos nós diariamente. Acredito que, se não for útil, será no mínimo divertido. Obrigada.
quarta-feira, 27 de agosto de 2014
O silêncio é de ouro
Velho provérbio corrente em vários idiomas. Foi usado como título de um filme de René Clair, "Le Silence est D'or", interpretado por Maurice Chevalier, e que tinha como tema o cinema antigo, na fase em que o som não era ainda utilizado. Usa-se também com esta forma: A palavra é de prata, o silêncio é de ouro. Com essa forma é corrente também em inglês: Speech is silver; silence is gold. Outros provérbios encarecem o valor de saber calar, ou de ser discreto: Em boca fechada não entram moscas. Falar sem pensar é atirar sem apontar. Palavra e pedra solta atrás não volta. Palavras não adubam sopas. Mais vale obrar que falar, etc. No Livro do Eclesiastes, há este provérbio: Há tempo de falar e tempo de calar. O poeta Tasso rimou: E'l silentio ancor suole haver prieghi e parole (O próprio silêncio tem rezas e palavras). E, ainda: E ciò che lingua esprimer ben non puote, muta eloquenza n' suoi gesti expresse (Não há língua que possa exprimir a muda eloquência expressa nos seus gestos).
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
Lágrimas de crocodilo
Esta locução, que é muito antiga, tem tido aplicação literária frequente. Entende-se por lágrimas de crocodilo qualquer manifestação de hipocrisia e de insincero pesar. Segundo Plínio o Antigo, os crocodilos das margens do Nilo choravam e faziam ruidosas manifestações de desespero, tal como as pessoas enlutadas, tudo isso para despertar a piedade e a atenção dos passantes, que iam ver do que se tratava e eram devorados. A lenda tem algo parecido com a do canto das sereias, de que fala Homero. Shakespeare faz uma alusão às lágrimas de crocodilo na cena I do quarto ato de "Otelo", quando fala o mouro de Veneza, invectivando Desdêmona: "O devil, o devil, if the earth could teem with woman's tears, each drop she falls would prove a crocodile" ( Ó demônio, ó demônio, se a terra estivesse cheia de lágrimas femininas, cada gota que tombasse comprovaria um crocodilo). E Francis Bacon, o filósofo e estadista inglês, nos seus "Ensaios": "It is the wisdom of crocodiles, that she tears when they would devour" (Essa é a sabedoria dos crocodilos, que derramam lágrimas quando vão devorar). La Fontaine, numa poesia, escreveu sobre as mulheres: " Larmes de crocodile, yeux lascifs, doux langage, soupirs, souris flatteurs, tout est mis usage quand il s'agit d'attaquer un amant" (Lágrimas de crocodilo, olhos lascivos, doces palavras, suspiros, sorrisos lisonjeiros, tudo é posto em uso, quando se trata de cativar um amante).
Nota
Invectivando: insultando, ofendendo, provocando, ultrajando.
Nota
Invectivando: insultando, ofendendo, provocando, ultrajando.
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
Fazer fiasco
Sofrer uma derrota, um insucesso. A expressão é de origem italiana: Far fiasco, e pertence ao jargão dos meios teatrais. Há quem atribua sua origem ao insucesso de um comediante improvisador, que quis rir com a manipulação de uma garrafa (fiasco), sendo mal sucedido. Usa-se também na França, sob a forma de faire fiasco, embora seja mais comum a locução faire un four. Stendhal usava a forma italiana.
Nota
Stendhal: Henri-Marie Beyle, mais conhecido como Stendhal (grenoble, 23 de janeiro de 1783 - Paris, 23 de março de 1842) foi um escritor françês reputado pela fineza na análise dos sentimentos de seus personagens e por seu estilo deliberadamente seco.
Nota
Stendhal: Henri-Marie Beyle, mais conhecido como Stendhal (grenoble, 23 de janeiro de 1783 - Paris, 23 de março de 1842) foi um escritor françês reputado pela fineza na análise dos sentimentos de seus personagens e por seu estilo deliberadamente seco.
domingo, 9 de fevereiro de 2014
Estar na pindaíba
O mesmo que estar liso, estar teso, estar quebrado ou estar pronto. Baptista Caetano diz que a palavra pindaíba vem do tupi e quer dizer caniço, ou vara de anzol, instrumento que os índios pouco usam, porque suas pescarias se fazem geralmente a flecha , timbó, etc. João Ribeiro quer que a significação seja outra, a de estar preso num cipoal, tolhido, amarrado. Convém lembrar que Pindaíba, como Acaiaba e outros, foi transformado em nome de família, e houve no Rio de Janeiro imperial um severo chefe de polícia , o Dr. Pindaíba de Matos, que já na República seria Ministro do Supremo Tribunal Federal. É provável que então a expressão tivesse tido grande divulgação no sentido que João Ribeiro menciona. Estar com Pindaíba era, mais do nunca, estar preso, em desgraça, no última lona.
Nota
Cipoal: Conjunto de cipós.
Nota
Cipoal: Conjunto de cipós.
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